segunda-feira, 21 de abril de 2014

Sonho de Ícaro II

Paixões são como asas. Ao contrário do que muitos pensam, elas não te prendem, mas te libertam, transformando-nos em seres alados e nos dando a liberdade de voarmos até o infinito e voltarmos quantas vezes quisermos. São essas asas que nos permitem viver novos encantos, novos lugares, novas histórias. São elas que nos aproximam de um ideal de felicidade que buscamos com tanto afinco, em que basta um ruflar de suas penas, nos paralisam como num encanto mágico. Ruborizam nossa face, petrificam aquele sorriso bobo no rosto, aceleram o coração e evidenciam o nervosismo em qualquer simples frase.

Construímos sonhos sobre pessoas normais enxergando-as extraordinárias. Mas sim, elas são extraordinárias. Nossos olhos as vêem desta forma. A paixão nos cega, nos faz ultrapassar os limites do que é tangível e faz com que as imperfeições sejam deixadas de lado. Não que elas não importem, mas se reconhece que as qualidades superam os defeitos. Agimos por impulso numa necessidade de satisfazer os desejos da outra pessoa, não como uma forma de submissão, mas de puro preciosismo da conquista de um sorriso. Há de se manter o equilíbrio. Impulso... eis o grande vilão das paixões. A vontade de realizar mais do que deveria, faz com que cometamos atos impensados e, em alguns casos prejudiciais. A nós, a vós, a eles(as). De repente a pessoa te pede um tempo e você, sem pensar direito, aparece na porta da casa dela dizendo que só queria dar um "oi"! Tolo! Agora pede desculpa e diz que deu mancada. O impulso acaba de te levar para longe no momento que você resolveu chegar mais perto. Nem sempre suas asas irão te conduzir ao caminho desejado. A paixão tem o tino de gerar conflitos entre a mente e o coração. Dentro de si ou descompassando a relação. Não existe paixão que dure para sempre, é quando a mente finalmente ganha essa batalha contra o desastrado coração, é quando suas asas te levam aonde você não deveria chegar.

Paixões são finitas. Terminam por inanição ou por decreto. Se espera deslizar por entre os dedos como um punhado de areia ou por se voar alto demais por algo inexistente. Somos alados como no sonho de Ícaro. Tão cegos e absortos em um mundo perfeito criado por nossa mente, que esquecemos serem feitas de cera as nossas asas. O Sol nada mais é que o fim do sonho, o que derrete suas asas e te joga de volta ao mar da realidade.

Um comentário:

  1. É aquela coisa:
    Paixão nos cega,
    nos faz ver além.
    Paixão nos tira o chão,
    pois nos faz voar.

    Bom texto, mas ainda senti sede de um pouco mais de poesia. ;) Não digo "poesia em versos", mas poesia em imagens.... em alguns momento elas aparecem, mas logo se vão. Parecem pêndulos. Mas talvez esse ir/vir renda boas reflexões.

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