quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Nunca se apaixone por um escritor

Olá! Meu nome é Laura. Poderia ser Paula, Maria, Duda, Juli, Cacau, Samara (não a do poço, tá?!) ou qualquer outro nome. Mas é Laura desde que eu me conheço por gente. Vim aqui para fazer um alerta. Escutem, digo, leiam bem o que eu digo: NUNCA SE APAIXONEM POR UM ESCRITOR! Sério! Nunca! Never! Je! Ikad! Nogensinde! Mai! Ooit! Jamais! Nunquinha! Nem que a vaca tussa! Falo por experiência própria...

Falo dos escritores de verdade, tá?! Não aqueles que te mandam bilhetinho com frases de Caio Fernando Abreu ou Tati Bernardi (é até fofinho, mas já já vocês vão entender...) e esquecem de dar os devidos créditos, mas os que te olham nos olhos e conseguem te desnudar devagarinho só com a sensibilidade no modo que te leem. O cara pode ser lindo, maravilhoso, gostoso, um boy magia daqueles que te levam à loucura, seja através da língua (tanto a escrita quanto a... deixa pra lá) ou de suas atitudes. Tipo um Fredelícia Elboni, um Daniel Bovolindo ou o menino gato Zé de Revaldo... Relvaldo... Reuvaldo... Hellvado... Rel... daquela cidadezinha de lá do Rio Grande do Sul!

Sério! Esses caras não prestam! Têm na ponta da língua a palavra certa para te conquistar! Você pode estar se achando o parasita da mosca do cocô do cavalo reserva do bandido figurante manco do filme de bang-bang mexicano que não terminou de ser gravado por falta de verba, daí eles chegam cheio de malícia, com toda aquela suavidade na fala, e te transforma na super-heroína diva baphônica dona da porra toda! Eles têm o dom de te enxergar de um modo único! Você põe sua melhor roupa, capricha no Mary Kay, faz aquele penteado hoje-tô-pro-crime e vai encontrá-lo. Adivinhem a primeira coisa que ele repara em você? O sorriso! Putz... antes de sair de casa, me olhei no espelho e falei comigo mesma: “Tô gostosa pra CARALEOOO!!!”. Mas ele, só para te desarmar completamente, diz que seu sorriso é fascinante! Tá... depois ele também diz que você está gostosa, mas sabe aquele elemento surpresa que só eles conseguem fazer? Pois é...

Fonte: cena do filme "Ela", de Spike Jonze
Daí eles vão te conquistando aos poucos. Do nada você abre o Face e se depara com a descrição de uma cena que vocês viveram uns dias atrás. Ok! De um modo diferente, aquele bocadinho de exagero que só eles conseguem. Transformam sua bicicleta vermelha velha remendada com Silver Tape num cavalo branco saído daqueles filmes hollywoodianos. Sua rua esburacada e as vizinhas fofoqueiras passam a ser uma estrada de flores e músicos de jazz. A camiseta branca e o short jeans... bem, esses continuam os mesmos. Se por um lado eles enfeitam o seu mundo ao redor, ainda te enxergam da mesmíssima forma. Mas é um modo diferente. Digo, igual, mas diferente, sabe?! É como se o simples fosse visto como perfeito. Os olhos deles te veem como a figura mais perfeita de seus imaginários. E a gente acredita (ou finge, né?!)! Mas, o mais engraçado, é que eles também acreditam nisso.

Não sei como eles conseguem fazer isso. Chegam devagarinho, comendo pelas beiradas, te oferecem flores num dia, café no outro, te deixam ser a primeira a ler um texto novo e se importam com sua opinião se você disser que faltou alguma coisa. Aí sorriem. Quando você se dá conta, o danado já imprimiu em seu coração uma marca difícil de apagar. Desgraçado! Fofo! O que é que faço, hein?! Eles sempre conseguem encontrar a palavra certa daquela cruzadinha que você joga com sua vida. Mas não se iludam! São seres completamente imperfeitos. Tem horas que se perdem em meio às palavras e você com sua audácia de fã e dona daquele coraçãozinho mole, lhes faz um afago e eles te brindam com o melhor agradecimento do mundo! Você é a inspiração!

Fonte: pinterest
E, olha! Dezenas, centenas, milhaaaares se derretem com suas palavras. Mas saber que é você quem se torna única no livro que é a vida deles... putz! Agora mesmo estou aqui deitada no sofá, lendo Bukowski e fazendo um dengo na minha gata Dorothy (sim, a de Oz). Ele está sentado à mesa ali na frente, escrevendo algum texto no computador e bebendo o café que fiz mais cedo. Tem uns dez minutos que ele veio aqui, me deu um beijo de mansinho e me sorriu com aqueles olhos brilhantes miúdos. Sério... nunca se apaixone por um escritor... é um caminho sem volta. Mais que eternizada em suas palavras, a gente se eterniza em seu peito. Aí, quando a paixão é recíproca, a vida trata de escrever um capítulo que é só nosso.

Nunca se apaixone por um escritor... você corre um sério risco de ser eternamente feliz.