– Ela
disse não! – Falou Renato
– Como
assim, cara? Vocês não estavam num rolo tão massa? – Retrucou
Fernando
– Sim.
Mas ela, simplesmente, me disse não. Que ela não queria esse tipo
de envolvimento. Seis meses ficando. Um semestre inteiro, cara.
E ela disse não!
Já
reparou que sempre temos aquela pessoa conhecida que nunca vemos com
alguém? Relacionamento mesmo. Namoro de portão. Cinema, mãos
dadas, almoço de domingo em família, sobrinhos dele chamando
ela de tia na viagem de final de semana para o sítio dos pais dele.
E aí? Deu agonia em ler isso? Saiba que você não está
sozinha nesse mundo!
Quem
disse que é preciso estar com alguém para se sentir completo?
Somos seres completos e optamos por dividir ou não o nosso tempo, a
nossa companhia. Tem
gente que, simplesmente, não está nem aí para as convenções
sociais que pregam a felicidade plena como sendo o encontro com
sua alma gêmea. Será que, então, por não se encaixar nesse
padrão, você irá se tornar uma pessoa amargurada, com um
iceberg no lugar do coração, ser uma solteirona aos 50
anos cuidando de vinte gatos dentro de casa e completamente
sozinha no mundo? Óbvio que não.
Há
quem prefira estar só por causa das experiências negativas. Há
quem receie perder sua liberdade. Também
há aquelas pessoas que, só de pensarem em acordar pela manhã,
olhar para o lado e ver aquela pessoa do melhor sexo de sua vida
roncando e babando no travesseiro, veem a cena mais lamentável
e traumatizante da sua vida. Há muito mais coisas por trás
desse “estar só”, mas a principal delas é quão bem você
se sente em estar assim. Afinal, que mal há em não querer uma
escova de dente a mais em seu banheiro?
– E
os namoradinhos? – pergunta a avó
– Matei
tudo, vó!
– Na
sua idade eu já era casada e tinha dois filhos! – fala a tia
– Parabéns,
tia! Já eu, na sua idade, estou sendo feliz. Aliás, mês que vem
estou indo ser feliz na Europa. Te
mando umas fotos de lá!
Mas
e o sexo? Ser solteira não é estar sozinha. Século XXI, baby! Já
está mais do que na hora de derrubar esse mito de que sexo e
amor andam de mãos dadas. Todos sentem desejo e não deveríamos
nos preocupar em guardá-los e não satisfazê-los só porque
alguns babacas dizem que isso não é legal. Mas espera… na
prática é bem diferente do discurso. Infelizmente, nossa sociedade
ainda guarda resquícios de pensamentos pré-históricos com
homens andando com tacape na mão e grunhindo loucamente quando
são contrariados. No sentido figurado, é claro. Mas o machismo
reproduzido ainda hoje faz parte de uma cultura do pensamento
patriarcal e heteronormativo. Aliás, vocês sabiam que, na Grécia
Antiga, o culto ao corpo masculino era tão grande que, quando
os homens queriam fazer sexo por prazer, faziam com outros
homens, enquanto com mulheres era somente para fins reprodutivos?
(segura essa marimba, monamour!)
Fonte da imagem: ideiamarketing.com.br |
É
preciso reavaliarmos o conceito de “estar só”. Há uma grande
diferença entre solidão e solitude. Enquanto
o primeiro é uma sensação de não se encaixar nos lugares e se
sentir mal com isso, o segundo é uma escolha pessoal, a vontade
de estar consigo e satisfazer-se apenas deste modo. Seu tempo é seu
e ponto final. Julgar uma escolha apenas por querer para si algo
diferente, não faz ninguém melhor que o outro.
Contemplar
a beleza que a vida proporciona pode ser excepcional tanto para quem
vive a dois, quanto para quem vive só. Não devemos esquecer
que, antes de mais nada, o amor que devemos cultivar é o
amor-próprio. Ele é quem irá reger o nosso caminho.
Portanto,
ainda que o mundo lá fora lhe diga que é preciso se encontrar
no reflexo dos olhos de alguém, pare em frente ao espelho e se veja
primeiro em seus olhos. Somente você própria poderá dizer o
que te completa. E sorria se a única pessoa que encontrar seja você
mesma. Quem
melhor do que você para afirmar o que lhe faz feliz?