terça-feira, 29 de abril de 2014

Não somos todos macacos

Desculpem-me os pseudo intelectuais, mas eu afirmo com veemência: Eu não sou macaco.

Negro, pobre, nascido na cidade de maior contingente negro fora da África, não me sinto representado por ninguém que segure uma banana e reproduza a hashtag "Somos todos macacos". Brancos, negros, índios, cáucasos, não importa a sua etnia, mas nós não merecemos ser chamados de macacos e nem, muito menos, dar como resposta essa atitude desprovida de senso crítico. Macacos, ainda que sejam a etapa anterior no processo evolutivo darwiniano do homem, são seres irracionais e incapazes de responderem a estímulos externos que os discriminem de algum modo.

Não me sinto representado pelos atores e apresentadores brancos da Globo que seguram suas plaquinhas cheias de esnobismo. Não me sinto representado por jogadores de futebol, ainda que negros, que ganham milhões de dólares por ano e que não sofrem preconceito na fila do banco, andando no shopping, pegando um ônibus, numa entrevista de emprego ou, simplesmente, atravessando uma rua. Não me sinto representado por pessoas comuns e anônimas que, para posarem de reacionários e monistas, só porque um jogador sei-lá-quem tirou foto assim, se acha dentro de uma tendência mundial na campanha contra o racismo.

A estigmatização do negro enquanto subproduto humano, enraizado na sociedade desde sempre, somente é reafirmada com essa campanha absurda que as pessoas tem feito. Não se dão conta quão ridículo é posar com uma banana na mão como se fosse um símbolo de poder e vanglória, como se não tivesse a mínima noção da realidade que, quem sofre com o racismo, vive diariamente.



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