quinta-feira, 24 de abril de 2014

Quanto tempo dura um mês?

"Pedro vivia dentro do mundo que ele mesmo criou. As pessoas entravam e saíam da sua vida com a mesma velocidade. Sentia realmente que era diferente, não se importava com o que os outros poderiam dizer sobre o seu modo de encarar a vida. Eram beijos lascivos, corpos desnudos, sinésteses superficiais, seus pudores morreram junto com a sua última dose de uísque num março qualquer. Airou-se e cansou. Enraizado dentro do seu próprio ser, fechou-se para quem não poderia te oferecer mais que um sorriso vazio e uma taça de um vinho qualquer. E assim levou-se por algum tempo até que, por obra do acaso, encontrou Alba. Encantou-se. Encantaram-se. Ela cansada de amores vazios e ele de amores vadios. Viveram sensações que, até então, jamais haviam experimentado. Encontraram-se e beijaram-se e amaram-se e... ela disse adeus. Durou o tempo da Lua mostrar suas quatro faces. Durou o tempo para que lhe fosse inesquecível".

Nossa vida costuma ser marcada por lembranças que ficarão guardadas na memória eternamente. Pessoas, lugares, fatos, momentos, tudo é passível de angariar um espaço dentro de nós. Viver intensamente esses fatores acaba sendo uma via de dois extremos. Ou se entrega até que a sua alma pertença àquele mundo e cuja reciprocidade lhe faz sentir-se ainda mais incontido dentro de si, ou o universo que você construiu dentro da idéia da perfeição daquele instante, te dá uma rasteira que lhe faz cair em câmera lenta vendo tudo o que viveu passar diante do seu nariz como um falso cristal. Quebra-se, espatifa-se e demora tanto para juntar novamente os cacos. Mas junta-se. A vida é para correr riscos, não há espaços para arrependimentos. No máximo reconstruir-se ainda mais forte, ainda mais sábio. Reconstruir-se.

"No fundo Pedro ainda tinha uma vã esperança de que ele apenas sonhara. Não o encontro, mas o adeus. E que, desta vez, a Lua fosse mera espectadora do que Alba guardara para ele. Não foi um adeus, reconstruíra-se, era um até breve".


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