Que me
perdoem os filósofos, psicólogos, psiquiatras, estudiosos e
descrentes, mas eu continuo acreditando no amor romântico. Não
naquele amor bonitinho de propaganda de família feliz nos comerciais
de margarina e nem, muito menos, das megaproduções cinematográficas
que se luta contra tudo e contra todos para viver aquele amor de
conto de fadas e seu “e viveram felizes para sempre”. Acredito no
amor em sua forma mais simples e pura, em que duas pessoas estão
dispostas a viver a liberdade de seus sentimentos sem precisar
escondê-los por se sentirem ridículos em demonstrar perante uma
sociedade cada vez mais fria e individualista.
É
preciso entender que cada um irá ver o amor de sua maneira. A mídia
e o capital vão tentar te empurrar datas comemorativas, necessidade
de presentes, de viagens a dois, jantares românticos e que estar
sozinho é para pessoas tristes e vazias. A sociedade enxerga a
solidão desta maneira. Mas há quem se complete com sua própria
companhia, a solitude é o estado de sentir-se bem do seu modo,
abraçado e satisfeito unicamente com o seu amor-próprio. As
escolhas que fazemos são parte das nossas vivências. Há quem
chegue a conclusão de que ficar só é o melhor para si baseado em
relacionamentos fracassados e outros que, simplesmente, veem uma vida
a dois como uma maneira de se podar sua liberdade. Além do que, ser
só não é exatamente estar só. Nada impede a satisfação sobre a
casualidade dos encontros. Para esses, parabéns! Se toda forma de
amor vale à pena, amar-se é o passo fundamental para sentir-se
completo. Mas, dentro de nossas completudes ainda há espaço para
amar quem nos faz bem a ponto de entregarmos nossos corações.
Fonte: http://twicsy.com/i/DviXkf |
O amor é
feito de equilíbrio. Não é a soma de duas metades, mas uma média
aritmética simples. Dois inteiros que se somam e se dividem num
único propósito: serem felizes juntos. O ideal romântico para os
estudiosos é completamente diferente do que nós, pobres mortais,
nos dispomos a viver. Romantismo não é o que vemos estampado nas
capas de revistas. Não é aquele texto lindo do site especializado
em relacionamentos que se manda para o(a) namorado(a). Não é tirar
foto juntos em todas as ocasiões, das mais banais como num sábado
de manhã na cama ainda ao meio-dia ou todo empacotado no casamento
do primo à espera da hora de jogar o buquê. Não é rabiscar um
post-it todos os dias dizendo que é amor. Não é Tristão e Isolda, Romeu e Julieta ou Vivian e Edward. Romantismo de verdade é
ser companhia às 3 da manhã no hospital por causa de uma
apendicite. É caminhar de mãos dadas num domingo no parque,
enquanto há pessoas que recriminam por não serem um “casal
tradicional”. Romantismo é lutar junto para registrar o nome de
sua filha Makeda Foluke. Romantismo é ser Rafael e Geovana, homem
cis e mulher trans, assumirem um amor que quebra os paradigmas de uma
sociedade tão preconceituosa. Se o amor é revolucionário, o
romantismo é uma das armas com que se luta pela revolução.
Não dá
para negar que existe a banalização do amor. Há quem fale que
dizer “eu te amo” está tão usual quanto desejar “bom dia”.
Ambos de forma automática, diga-se de passagem. Mas, no fundo, a
gente sabe quando é amor de verdade. O desejo de bom dia também. Há
quem chegue em nossa vida e esteja disposto a ser motivo de nossos
melhores sorrisos, que nos conquiste com suas ações, seus gestos e,
acima das palavras, com a verdade em seu olhar. Idealizar um amor
romântico é compreender não que cada panela tem a sua tampa, mas
que cada uma delas traz em si um ingrediente que, individualmente é maravilhoso,
mas quando se põe à mesa e se leva ao prato, ganha um sabor
fantástico. O jantar está posto e o lugar ao lado está reservado para quem chegue para ficar. O amor é a receita para todos os dias.