domingo, 12 de junho de 2016

Esse tal de amor romântico

Que me perdoem os filósofos, psicólogos, psiquiatras, estudiosos e descrentes, mas eu continuo acreditando no amor romântico. Não naquele amor bonitinho de propaganda de família feliz nos comerciais de margarina e nem, muito menos, das megaproduções cinematográficas que se luta contra tudo e contra todos para viver aquele amor de conto de fadas e seu “e viveram felizes para sempre”. Acredito no amor em sua forma mais simples e pura, em que duas pessoas estão dispostas a viver a liberdade de seus sentimentos sem precisar escondê-los por se sentirem ridículos em demonstrar perante uma sociedade cada vez mais fria e individualista.

É preciso entender que cada um irá ver o amor de sua maneira. A mídia e o capital vão tentar te empurrar datas comemorativas, necessidade de presentes, de viagens a dois, jantares românticos e que estar sozinho é para pessoas tristes e vazias. A sociedade enxerga a solidão desta maneira. Mas há quem se complete com sua própria companhia, a solitude é o estado de sentir-se bem do seu modo, abraçado e satisfeito unicamente com o seu amor-próprio. As escolhas que fazemos são parte das nossas vivências. Há quem chegue a conclusão de que ficar só é o melhor para si baseado em relacionamentos fracassados e outros que, simplesmente, veem uma vida a dois como uma maneira de se podar sua liberdade. Além do que, ser só não é exatamente estar só. Nada impede a satisfação sobre a casualidade dos encontros. Para esses, parabéns! Se toda forma de amor vale à pena, amar-se é o passo fundamental para sentir-se completo. Mas, dentro de nossas completudes ainda há espaço para amar quem nos faz bem a ponto de entregarmos nossos corações.

Fonte: http://twicsy.com/i/DviXkf
O amor é feito de equilíbrio. Não é a soma de duas metades, mas uma média aritmética simples. Dois inteiros que se somam e se dividem num único propósito: serem felizes juntos. O ideal romântico para os estudiosos é completamente diferente do que nós, pobres mortais, nos dispomos a viver. Romantismo não é o que vemos estampado nas capas de revistas. Não é aquele texto lindo do site especializado em relacionamentos que se manda para o(a) namorado(a). Não é tirar foto juntos em todas as ocasiões, das mais banais como num sábado de manhã na cama ainda ao meio-dia ou todo empacotado no casamento do primo à espera da hora de jogar o buquê. Não é rabiscar um post-it todos os dias dizendo que é amor. Não é Tristão e Isolda, Romeu e Julieta ou Vivian e Edward. Romantismo de verdade é ser companhia às 3 da manhã no hospital por causa de uma apendicite. É caminhar de mãos dadas num domingo no parque, enquanto há pessoas que recriminam por não serem um “casal tradicional”. Romantismo é lutar junto para registrar o nome de sua filha Makeda Foluke. Romantismo é ser Rafael e Geovana, homem cis e mulher trans, assumirem um amor que quebra os paradigmas de uma sociedade tão preconceituosa. Se o amor é revolucionário, o romantismo é uma das armas com que se luta pela revolução.

Não dá para negar que existe a banalização do amor. Há quem fale que dizer “eu te amo” está tão usual quanto desejar “bom dia”. Ambos de forma automática, diga-se de passagem. Mas, no fundo, a gente sabe quando é amor de verdade. O desejo de bom dia também. Há quem chegue em nossa vida e esteja disposto a ser motivo de nossos melhores sorrisos, que nos conquiste com suas ações, seus gestos e, acima das palavras, com a verdade em seu olhar. Idealizar um amor romântico é compreender não que cada panela tem a sua tampa, mas que cada uma delas traz em si um ingrediente que, individualmente é maravilhoso, mas quando se põe à mesa e se leva ao prato, ganha um sabor fantástico. O jantar está posto e o lugar ao lado está reservado para quem chegue para ficar. O amor é a receita para todos os dias.