quinta-feira, 28 de julho de 2016

Seja sua melhor companhia

Ela disse não! – Falou Renato
Como assim, cara? Vocês não estavam num rolo tão massa? – Retrucou Fernando
Sim. Mas ela, simplesmente, me disse não. Que ela não queria esse tipo de envolvimento. Seis meses ficando. Um semestre inteiro, cara. E ela disse não!
Já reparou que sempre temos aquela pessoa conhecida que nunca vemos com alguém? Relacionamento mesmo. Namoro de portão. Cinema, mãos dadas, almoço de domingo em família, sobrinhos dele chamando ela de tia na viagem de final de semana para o sítio dos pais dele. E aí? Deu agonia em ler isso? Saiba que você não está sozinha nesse mundo!
Quem disse que é preciso estar com alguém para se sentir completo? Somos seres completos e optamos por dividir ou não o nosso tempo, a nossa companhia. Tem gente que, simplesmente, não está nem aí para as convenções sociais que pregam a felicidade plena como sendo o encontro com sua alma gêmea. Será que, então, por não se encaixar nesse padrão, você irá se tornar uma pessoa amargurada, com um iceberg no lugar do coração, ser uma solteirona aos 50 anos cuidando de vinte gatos dentro de casa e completamente sozinha no mundo? Óbvio que não.
Há quem prefira estar só por causa das experiências negativas. Há quem receie perder sua liberdade. Também há aquelas pessoas que, só de pensarem em acordar pela manhã, olhar para o lado e ver aquela pessoa do melhor sexo de sua vida roncando e babando no travesseiro, veem a cena mais lamentável e traumatizante da sua vida. Há muito mais coisas por trás desse “estar só”, mas a principal delas é quão bem você se sente em estar assim. Afinal, que mal há em não querer uma escova de dente a mais em seu banheiro?
E os namoradinhos? – pergunta a avó
Matei tudo, vó!
Na sua idade eu já era casada e tinha dois filhos! – fala a tia
Parabéns, tia! Já eu, na sua idade, estou sendo feliz. Aliás, mês que vem estou indo ser feliz na Europa. Te mando umas fotos de lá!
Mas e o sexo? Ser solteira não é estar sozinha. Século XXI, baby! Já está mais do que na hora de derrubar esse mito de que sexo e amor andam de mãos dadas. Todos sentem desejo e não deveríamos nos preocupar em guardá-los e não satisfazê-los só porque alguns babacas dizem que isso não é legal. Mas espera… na prática é bem diferente do discurso. Infelizmente, nossa sociedade ainda guarda resquícios de pensamentos pré-históricos com homens andando com tacape na mão e grunhindo loucamente quando são contrariados. No sentido figurado, é claro. Mas o machismo reproduzido ainda hoje faz parte de uma cultura do pensamento patriarcal e heteronormativo. Aliás, vocês sabiam que, na Grécia Antiga, o culto ao corpo masculino era tão grande que, quando os homens queriam fazer sexo por prazer, faziam com outros homens, enquanto com mulheres era somente para fins reprodutivos? (segura essa marimba, monamour!)
Fonte da imagem: ideiamarketing.com.br
É preciso reavaliarmos o conceito de “estar só”. Há uma grande diferença entre solidão e solitude. Enquanto o primeiro é uma sensação de não se encaixar nos lugares e se sentir mal com isso, o segundo é uma escolha pessoal, a vontade de estar consigo e satisfazer-se apenas deste modo. Seu tempo é seu e ponto final. Julgar uma escolha apenas por querer para si algo diferente, não faz ninguém melhor que o outro.
Contemplar a beleza que a vida proporciona pode ser excepcional tanto para quem vive a dois, quanto para quem vive só. Não devemos esquecer que, antes de mais nada, o amor que devemos cultivar é o amor-próprio. Ele é quem irá reger o nosso caminho.
Portanto, ainda que o mundo lá fora lhe diga que é preciso se encontrar no reflexo dos olhos de alguém, pare em frente ao espelho e se veja primeiro em seus olhos. Somente você própria poderá dizer o que te completa. E sorria se a única pessoa que encontrar seja você mesma. Quem melhor do que você para afirmar o que lhe faz feliz?

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