segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Mas aquele 1% é... lerdo!

Alguns amigos me chamam de tonto. Outros dizem que se lerdeza fosse um esporte olímpico, o Brasil já teria a medalha de ouro garantida comigo. Para mais alguns, a culpa é da astrologia e meu mapa astral diz que sou do signo de lerdo com ascendente em desatenção. Mas, falando sério, quando o assunto é perceber que tem alguém flertando comigo, meu nível de esperteza vai do 100 ao 0 mais rápido do que o créu invertido na velocidade 5. Isso não significa que em 100% das ocasiões eu esteja num mundo paralelo enquanto a outra pessoa levanta uma cartaz em minha frente dizendo “fica comigo?”, ok?! Apenas que meu radar de percepções anda um tanto quanto fora de sintonia desde há muito tempo. Daí, de vez em quando, me aparece uma janelinha imaginária flutuando ao meu lado junto com aquela voz robótica do windows dizendo “suas definições de lerdeza foram atualizadas”.

Mas juro que a culpa não é minha, viu?! Acho que acostumei a ser aquele cara na adolescência que sempre era o ombro amigo quando as meninas precisavam desabafar. E olha que eu era bom nisso!
Bem… eu acho, né?! Afinal, perdi as contas de quantas vezes eu escutava um “Migo, tô triste. Vem aqui em casa que eu preciso desabafar. Minha mãe fez bolo.”. Ok, muitas vezes eu ia por causa do bolo, mas ele durava menos do que o desabafo, então eu realmente parava para escutar o que elas diziam. No final sempre rolava aquele abraço apertado e um “se você não fosse meu amigo, eu me apaixonaria por você”. – Friendzone! – alguns diriam. Absolutamente não. Antes mesmo de pensar em ter qualquer tipo de interesse por alguém, eu já era o amigo em que elas confiavam. E, convenhamos, só machistas idiotas que falam “baladinha TOP” é que não acreditam em amizade entre homem e mulher.
Fonte da imagem: arquivo pessoal
E assim fui enxergando boa parte das pessoas que cruzavam meu caminho. Levava muito mais em conta a aproximação das pessoas com a intenção de me verem sempre como aquele cara solícito, pronto para trocar boas ideias, dar altas risadas, ajudar no que fosse preciso e ser uma espécie de “Hitch – O conselheiro amoroso” na versão tupiniquim de baixo orçamento. De tanto me aproximar das pessoas sem interesses escusos, acabei tomando como verdade também o contrário. Já escutaram aquela expressão “Sou legal, não tô te dando mole” (Sim, tinha até a comunidade no orkut!)? Pois então, tanta gente legal nesse mundo e eu lá tenho como saber logo que Fulana ou Sicrana está a fim de mim? Tudo bem que é romantizar demais a ideia de que todo mundo é legal até que se prove o contrário, mas também não dá para pensar que, só porque a pessoa te deu um bom dia, você já irá imaginar até o nome do cachorro que adotará para o aniversário de 5 anos do filho de vocês.
Já aconteceu caso de, depois de 10 anos, a pessoa chegar e dizer “Cara, lembra do nosso tempo de colégio? Eu era louca para ficar contigo”. Ué?! Como assim?! E só me diz isso agora? Daí ela começa a te contar inúmeras ocasiões – e você lembra de todas – em que ela só faltava escrever na própria testa que era você com quem ela queria estar. Mas, óbvio, como todo bom astronauta do asfalto, você ria. Apenas ria. A menina linda e que todo mundo era a fim estava lá te dando o maior mole e você, moleque bobo de aparelho nos dentes e espinhas na testa, apenas sorria e pensava que era um cara de sorte por ter uma amiga tão legal. Ok. Você era realmente um cara de sorte, mas não custava nada ser sortudo e esperto também, não é?!

Não precisa ter uma placa balançando no pescoço escrita “eu gosto de você” enquanto faz 36 polichinelos – parafraseando Gabito Nunes – para que eu tenha certeza de que realmente está gostando de mim. Mas também não custa nada chegar e dizer que gosta. É que alguns sinais podem até ser bacanas, deixar no ar aquela coisa legal de que pode rolar algo, mas, sabe… 99% anjo, perfeito, mas aquele 1% é… lerdo.

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