Caminho a
passos lentos por medo da queda. Não que eu me importe com os
machucados, mas, com um mundo cada vez mais egoísta, me preocupo em
não ter quem possa me estender a mão. É um fardo imenso levar
consigo um grito uníssono e quase inaudível a quem se recusa a
enxergar mais do que a si próprio. Meu grito é um clamor por
atenção, é quase um pedido de socorro. É por medo de ser sozinho
nesse mundo que ainda tento me fazer ser ouvido.
Carrego
uma mochila nas costas cheia de sonhos e expectativas e o peso das
minhas escolhas é quase insuportável. Pelo caminho sempre encontro
pessoas dispostas a se aventurarem e percorrerem as trilhas abertas
pelos passos que dou. Todos trazem suas próprias bagagens, umas mais
pesadas, outras mais leves. Poucos são os que aceitam dividí-las. A
explicação é óbvia. Se recusam pelo medo de ter que carregarem
mais do que suportam. Tolos. O que há em comum entre nossos desejos
não se soma e sim se complementa, se compartilha, tirando o peso de
levá-los sozinhos. O problema é saber quem está realmente disposto
a correr os riscos que a estrada proporciona.
Fonte da imagem: tripzone.com |
Aos que
aceitam, devolvo sorrisos aos rostos de quem, até mim, vem com
lágrimas. Permito que descarreguem suas angústias, suas tristezas,
suas mágoas... é como se eu pudesse captar toda aquela energia
negativa acumulada e a neutralizasse. E os próprios sorrisos que
voltam a brotar em seus rostos é o que me traz a paz de saber que
meu trabalho foi feito. Coloco de volta a mochila nas costas e retomo
minha lenta caminhada, deixando sementes de gratidão plantadas em
corações outrora vazios de esperança. A estrada é longa e a vida
passa depressa, mas de que valem nossos passos se não for para
deixarmos as marcas de nossas pegadas no chão? Somos reflexo das
mãos que se estenderam para nós no caminho. Somos a busca
incessante pelos corações que necessitam serem acolhidos e abrandados. Para quem se importa. Para os outros, só interessa
aquilo que não somos.
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