Eu não
estava preparada para aquilo. Não que eu nunca tivesse andado de
mãos dadas com alguém, mas senti que era uma espécie de invasão
de privacidade. Acostumei aos encontros noturnos em barzinhos, os
amassos no carro, o sexo sem qualquer compromisso e ir embora da casa
dele antes mesmo de vê-lo acordar. Mas aquela saída despretensiosa
da praia, a distância entre a mesa e o carro tinha o quê? 30
metros? Não sei. Nem contei os passos. Fiquei meio atônita, sem
reação. Ele, simplesmente, segurou a minha mão enquanto
caminhávamos.
Pode
parecer bobagem, mas para mim não era. Namorei uns três caras em
toda a minha vida. Fiquei “sério” com outros três. Só. Ele eu
via como um amigo acima de tudo. Com alguns benefícios, é claro.
Mas era um cara com quem eu trocava altas ideias, risadas, beijos,
carícias e intimidade entre quatro paredes. Segurar a mão não. O
sexo é uma entrega de proporções inigualáveis, é troca de
energia, é não-sei-o-quê de chakras e a porra toda. Mas caminhar de mãos dadas é foda. É ultrapassar uma barreira que a gente
coloca no momento em que definimos o que queremos daquela relação.
Amizade colorida, P.A. e B.A., amigos com benefícios, sexo sem
compromisso... tanto faz, pode chamar da forma que quiser, mas,
cacete, não ultrapassa esse maldito limite, por favor?
Fonte: collegemagazine.com |
Ok. Não
há um arame farpado, cerca elétrica, portão guardado por cães
raivosos e nem gente correndo atrás para vender cartão da C&A
afugentando e impedindo qualquer coisa. Mas naquele nosso contrato
imaginário está escrito em letras garrafais quase como um décimo
primeiro mandamento: NÃO ANDARÁS DE MÃOS DADAS! Sério! O cara é
bonito, gente boa, faz uma lasanha ótima, toca violão e até fala
francês. Mas andar de mãos dadas é, praticamente assumir para a
sociedade que você está com alguém! Já imagino chegar segunda na
faculdade e o crush de lá da sala comentar que me viu na praia no
sábado. ÊTAPORRAFUDEU!!! Nem precisa dizer que me viu acompanhada.
Já sei que perdi o boy...
Não
tenho problemas em assumir algo, desde que seja um sentimento
recíproco. Custa nada chegar para mim e perguntar: Belinha, vamos
assumir algo? - Não, obrigada, próximo da fila! - Não quero, estou
bem como estou, não rolam cobranças, almoço em família e
sobrinhos emprestados que nunca vi na vida me chamando de tia. Não é
o tempo que estamos juntos que vai fazer com que se aflorem os
sentimentos e transforme a relação num algo mais. Diálogo serve
para isso. O que eu quero é o mesmo que você quer? Ótimo! Vamos
pensar em conjunto. Nossos desejos são diferentes? Bola pra frente,
gato. Nem tudo é como queremos. Então, vamos fazer um trato? Antes
de segurar a minha mão, me pergunte se esse é o caminho que eu
realmente estou disposta a tomar...
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