terça-feira, 19 de julho de 2016

Laços imaginários

Eu não estava preparada para aquilo. Não que eu nunca tivesse andado de mãos dadas com alguém, mas senti que era uma espécie de invasão de privacidade. Acostumei aos encontros noturnos em barzinhos, os amassos no carro, o sexo sem qualquer compromisso e ir embora da casa dele antes mesmo de vê-lo acordar. Mas aquela saída despretensiosa da praia, a distância entre a mesa e o carro tinha o quê? 30 metros? Não sei. Nem contei os passos. Fiquei meio atônita, sem reação. Ele, simplesmente, segurou a minha mão enquanto caminhávamos.

Pode parecer bobagem, mas para mim não era. Namorei uns três caras em toda a minha vida. Fiquei “sério” com outros três. Só. Ele eu via como um amigo acima de tudo. Com alguns benefícios, é claro. Mas era um cara com quem eu trocava altas ideias, risadas, beijos, carícias e intimidade entre quatro paredes. Segurar a mão não. O sexo é uma entrega de proporções inigualáveis, é troca de energia, é não-sei-o-quê de chakras e a porra toda. Mas caminhar de mãos dadas é foda. É ultrapassar uma barreira que a gente coloca no momento em que definimos o que queremos daquela relação. Amizade colorida, P.A. e B.A., amigos com benefícios, sexo sem compromisso... tanto faz, pode chamar da forma que quiser, mas, cacete, não ultrapassa esse maldito limite, por favor?

Fonte: collegemagazine.com

Ok. Não há um arame farpado, cerca elétrica, portão guardado por cães raivosos e nem gente correndo atrás para vender cartão da C&A afugentando e impedindo qualquer coisa. Mas naquele nosso contrato imaginário está escrito em letras garrafais quase como um décimo primeiro mandamento: NÃO ANDARÁS DE MÃOS DADAS! Sério! O cara é bonito, gente boa, faz uma lasanha ótima, toca violão e até fala francês. Mas andar de mãos dadas é, praticamente assumir para a sociedade que você está com alguém! Já imagino chegar segunda na faculdade e o crush de lá da sala comentar que me viu na praia no sábado. ÊTAPORRAFUDEU!!! Nem precisa dizer que me viu acompanhada. Já sei que perdi o boy...


Não tenho problemas em assumir algo, desde que seja um sentimento recíproco. Custa nada chegar para mim e perguntar: Belinha, vamos assumir algo? - Não, obrigada, próximo da fila! - Não quero, estou bem como estou, não rolam cobranças, almoço em família e sobrinhos emprestados que nunca vi na vida me chamando de tia. Não é o tempo que estamos juntos que vai fazer com que se aflorem os sentimentos e transforme a relação num algo mais. Diálogo serve para isso. O que eu quero é o mesmo que você quer? Ótimo! Vamos pensar em conjunto. Nossos desejos são diferentes? Bola pra frente, gato. Nem tudo é como queremos. Então, vamos fazer um trato? Antes de segurar a minha mão, me pergunte se esse é o caminho que eu realmente estou disposta a tomar...

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