“Eu te
amo tanto que vou te matar”. 40 mil curtidas. 14 mil
compartilhamentos. Mais de 2 mil comentários feitos, em sua maioria
por jovens. Jovens esses que, provavelmente, em sua grande parte,
nunca experimentaram a vivência de um relacionamento que tenha
durado mais de dois verões. Jovens que não fazem ideia que
romantizar essa frase é perpetuar a concepção do amor banalizado,
um amor doentio, em que vale absolutamente tudo para ter a atenção
da outra pessoa, inclusive atentar contra sua vida.
Para preservar a página em questão, a fonte não será citada. |
Eloá,
Daniella Perez, Sandra Gomide, Mércia Nakashima, mulheres com
histórias diferentes, mas com o mesmo fim. Em estudo do IPEA, entre 2009 e 2011, no Brasil, as "mortes por conflito de gênero" mataram mais de 20 mulheres por dia. Em 2014, foram mais de 50 mil denúncias de violência contra mulher, em torno de 136 denúncias por dia, 5 a cada hora. Isso os que são
elucidados e classificados desta forma, porém, nessa estatística,
não entram as queixas retiradas e o medo da represália por conta da denúncia. Até
quando a sociedade irá relativizar a expressão “em briga de
marido e mulher não se mete a colher”?
“Se
você não for meu (minha), não será de mais ninguém”. Enxergar uma fala
dessas como prova de amor é transformar o sentimento de posse como
condição para se construir um relacionamento baseado na
objetificação do indivíduo. Ninguém ama um objeto. Ninguém
encontra o outro numa prateleira de supermercado, compra, usa e,
quando não lhe serve mais, joga fora. Ciúme exacerbado é doença,
perseguição não é persistência, controlar é completamente
diferente de cuidar. No amor não há obsessão. Romantizar o abuso é
ser conivente com práticas que só robustecem o machismo e continuam
matando milhares de mulheres todos os anos. Isso não é amor e nunca
será.
Arquivo pessoal |
Para saber mais:
http://www.compromissoeatitude.org.br/
http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&id=19873
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