sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Parem de romantizar o abuso!

“Eu te amo tanto que vou te matar”. 40 mil curtidas. 14 mil compartilhamentos. Mais de 2 mil comentários feitos, em sua maioria por jovens. Jovens esses que, provavelmente, em sua grande parte, nunca experimentaram a vivência de um relacionamento que tenha durado mais de dois verões. Jovens que não fazem ideia que romantizar essa frase é perpetuar a concepção do amor banalizado, um amor doentio, em que vale absolutamente tudo para ter a atenção da outra pessoa, inclusive atentar contra sua vida.

Para preservar a página em questão, a fonte não será citada.


Eloá, Daniella Perez, Sandra Gomide, Mércia Nakashima, mulheres com histórias diferentes, mas com o mesmo fim. Em estudo do IPEA, entre 2009 e 2011, no Brasil, as "mortes por conflito de gênero" mataram mais de 20 mulheres por dia. Em 2014, foram mais de 50 mil denúncias de violência contra mulher, em torno de 136 denúncias por dia, 5 a cada hora. Isso os que são elucidados e classificados desta forma, porém, nessa estatística, não entram as queixas retiradas e o medo da represália por conta da denúncia. Até quando a sociedade irá relativizar a expressão “em briga de marido e mulher não se mete a colher”?


“Se você não for meu (minha), não será de mais ninguém”. Enxergar uma fala dessas como prova de amor é transformar o sentimento de posse como condição para se construir um relacionamento baseado na objetificação do indivíduo. Ninguém ama um objeto. Ninguém encontra o outro numa prateleira de supermercado, compra, usa e, quando não lhe serve mais, joga fora. Ciúme exacerbado é doença, perseguição não é persistência, controlar é completamente diferente de cuidar. No amor não há obsessão. Romantizar o abuso é ser conivente com práticas que só robustecem o machismo e continuam matando milhares de mulheres todos os anos. Isso não é amor e nunca será.


Arquivo pessoal



Para saber mais:

http://www.compromissoeatitude.org.br/

http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&id=19873

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